segunda-feira, 28 de junho de 2010

SE EU TIVESSE NASCIDO...


Se eu tivesse nascido...

...no Egito Antigo, teria sido RP da Cléo(patra)

...na Grécia Antiga, teria sido uma ninfa

...na Roma Antiga, teria sido amiga de Maria Madalena

...na Idade Média, teria sido bruxa e morrido queimada

...no Renascimento, teria sido uma atriz rechonchuda que teria posado para Botticelli

...no Iluminismo, teria sido a secretária de Adam Smith e anotado suas idéias para A Riqueza das Nações

...na Revolução Industrial, teria sido uma operária agitadora contra as péssimas condições de trabalho

...no começo do século XX, teria sido uma comunista maleta e feminista. Ou o oposto: uma dançarina de cabaré

...nos anos 50, teria sido uma menina que sonhava com os Beatles e que teria se recusado a casar

Mas como eu nasci em 1979, vim ao mundo com a liberdade pela qual as mulheres que vieram antes de mim tanto lutaram. Moças da minha geração não conseguem entender, por exemplo, porque Leila Diniz causou tanto furor com seu barrigão na praia – como já escreveu a amiga Divorciada. Simplesmente não faz sentido. Claro que o mundo ainda deve muito às mulheres. Temos muito pelo que brigar. Mas nem se compara a vida que temos hoje com a que nossas avós tiveram.

Eu nasci no final da ditadura, sou filha de pai-famoso-rico. Por causa desse histórico e de mais alguns "defeitos" de criação, virei uma "discursadora". Sou mister em defender o amor livre, a opção sexual, em desconfiar da monogamia extrema e em condenar o modelo de casamento que nossos pais nos deixaram.

Mas na real, na real meeesmo – apesar de toda a liberdade que me cabe - sou é uma pacata cidadã, respeitada que ganha 4 mil cruzeiros por mês. Vou ser esposa dedicada, dona de casa exemplar, lavar louça, fazer comidinha, supermercado duas vezes por semana. Gosto de tudo limpinho (descobri até que tenho TOC). E vou a-do-rar essa vida!

Por que eu acho que teria sido essas mulheres todas aí acima se, hoje, nesse mundo solto que Deus me deu (na verdade, que as mulheres me deram), sou mesmo é uma mulherzinha de trinta para lá de comum?

Será que, no fundo, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais?

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