sexta-feira, 17 de setembro de 2010

SENHOR ...



Senhor, bem sabe que nunca fui boa em fazer orações. Mas por ser o todo poderoso deve saber o que se passa em meu coração. Dizem que sim, que o Senhor sempre sabe o que se passa dentro da gente, mas eu não sei o que pensar! Poderia dizer que acredito, mas vai que é verdade? Aí já vai saber que estou mentindo. Mesmo sem saber o que pensar eu oro todo santo dia, agradecendo e fazendo um pedido. Eu nem tô pedindo muito, eu só quero um coração brando e que minha saúde melhore, só isso. O Senhor não precisa me dar grandes coisas, só precisa me dar o suficiente para tirar essa angústia do meu coração. Eu não sei muito bem como é que se ora, mas na certa estou fazendo algo errado, porque resultado não vejo. Por isso escrevo. É que quando eu falo fica difícil de entender, mas quando eu escrevo é como se eu pudesse falar todas as línguas. O Senhor tem o título de maior importância em minha vida.
Que eu tenha coração tranquilo, mente aberta, pés no chão e asas do lado de dentro. Sabe como é? Igual a Ana Jácomo falou : "Passarinho tem asas do lado de fora, a gente do lado de dentro". Estou tentando encontrar essas asas. Quero um coração feliz, que sorri pra tudo e todos, mas não do tipo bobo, do tipo esperto! Vai moldar pra mim? Tomara que sim. Acredito na fé, mas talvez eu acredite em algo que eu mesma não possua, porque bem diz a bíblia, aquela sagrada, que quando a gente ora com fé, a gente até move montanhas. Nem montanhas e nem nada, eu continuo no mesmo lugar. O meu correr se iguala ao correr de um pesadelo, quando você sabe que se não correr algo de ruim vai te acontecer, aí você corre bastante e logo depois descobre que droga, é, droga... Eu não saí do lugar. Vez ou outra você acorda, mas pode acontecer de continuar dormindo com a frustração de não sair do lugar. Meu Deus, até dormindo as tais frustrações. Eu só preciso que o Senhor prometa que vai fazer esforço pra entender essa carta, e eu preciso saber de algum jeito se a carta chegou até aí. Eu só preciso saber. E vamos deixar algo combinado? Caso não considere cartas, o Senhor promete me ensinar a orar? Talvez a gente já nasça sabendo, mas se isso for verdade, na certa desaprendi! Tá me olhando daí? Tô sorrindo daqui. Amém.

TOMARA...



Noite de domingo em São Paulo, frio cortante
na cama embaixo de cobertor e edredon
vejo uma entrevista com meninos que moram nas ruas:
repórter:- É Deus quem te guia ?
menino:- Tomara!

Que esperança e crença
pode ter um menino que além de morar na rua, dorme empoleirado no toldo dos corredores de ônibus,
para se proteger dos "grandes"?
Esperança que exista alguém ainda maior que possa protegê-lo.
Tomara!

Eu como aquele menino de rua, tenho optado por crer que existe sim um Deus, uma vida depois disso tudo, uma vida antes , onde tudo possa se justificar e ter enfim um sentido e justiça...É insuportável não crer, é insuportável que a vida desses meninos e de tantas outras pessoas, seja só um amontoado de dor e carência e que ao final, tudo termine assim...Uns morrendo de dor, outros de frio e de outras tantas formas desumanas.
Prefiro e preciso acreditar que um Deus lá de cima olha, abençoa e de alguma forma promete dias melhores... Mas também não posso negar, que temos uma parcela de culpa horrível, no estados de todas as coisas e vidas.
Em um dos filmes que compõem o documentário 11 de setembro, quando a professora comenta que um avião destruiu uma das torres, um menininho pergunta:
_ Foi o Deus?
Ao que uma outra menina responde:
_ Não seu bobo, o Deus não faz aviões, o Deus fez os homens!

Tem muito “humano” por aqui brincando de Deus e destruindo vidas, tem muita gente fornecendo as armas para depois, baseado no “perigo que é alguém armado” se outorgar o direito e o dever, de ir até lá desarmar, matar e “cuidar do território”.
Tem muito “humano” fomentando a violência, patrocinando e lucrando com o crime e toda uma série de injustiças sociais, para depois pedir pena de morte.

RECEITA MÉDICA



Um dia um médico me receitou: “OLHAR O CÉU 2X AO DIA”, era um SOL REMÉDIO,como posologia, pra me lembrar de querer voar como águia e não ciscar feito galinha.
O Fabio me disse dia desses que eu devia ser receitada, como posologia também, foi um dos elogios mais originais que me fizeram nos últimos tempos.
Podemos todos ser remédio ou veneno, e eu gostei de lembrar da minha capacidade de ser melhor do que pior, de ser cura e não doença.
Talvez o grande aprendizado daqui, seja retirar das posologias pessoais a parte que nos cura, a parte que nos ajuda na luz, que nos eleva, em todo e qualquer contato real, existe a dose que sana e a que danifica, ficarmos RESSENTINDO a doença é uma injustiça, deveríamos SENTIR e RE-SENTIR, (sentir de novo) todo o bom que foi e pode sempre ser compartilhado, o que existiu de bom não se apaga, (nem o mal se resolvermos, mas quem precisa disso?).
Sentir e valorizar o quanto (tanto) que uma relação um dia nos fez mais e melhor é querer a cura.

Tem gente que nos ajuda na expressão , fala com verdade, põe água nos olhos , não mede palavra, não economiza emoção, gente assim que por ser mais gente, nos liberta, enche os olhos quando fala,
gente que guarda a luz, do menino que empinava pipa, que nadava no rio, gente que faz histórias bonitas
e as coleciona como figurinhas premiadas...

Olhar o sol 2x ao dia, nem sempre se consegue, ás vezes nubla...
Olhar o brilho das pessoas nem sempre se consegue, ás vezes o olhar turva...
O fundamental é querer enxergar e voar,a cura está na intenção do olhar e sempre vale á pena!

Quem já esteve no alto, sabe o que é ganhar o céu, ganha-se a luz e o ar...e isso ninguém nos tira...

Férias



Um rede me embalando, uma sesta, uma sombra, uma lua cheia nascendo no mar, eu e meu amor acordando num azul imenso na primeira hora da manhã e a felicidade se instala do meu lado, como cúmplice, divide o tempo comigo e rimos de qualquer bobagem.
A esperança passeia comigo no fim de tarde e catamos conchinhas.
Volto de férias com os olhos acostumados com amplidão, aquele mar sem fim, me tiram do prumo da maneira mais saudável possível.
Volto do mar com o corpo relaxado, sem espaços delimitados, sem obrigações, basta uma semana sem conexão e já sou outra, já brinco na areia, me atiro na onda, sou criança tranquilamente e sou livre.
Volto livre pra cá e logo preciso me acostumar a ter horários, a checar e-mails e respondê-los, a atender celulares, a colocar roupas a mais, a olhar pra atravessar a rua, a prestar atenção, a correr, a pagar contas, tenho que aprender a ter pressa e delimitar a visão.

Por pura necessidade, aprendi um jeito de deixar o corpo continuar em férias por mais tempo: Havaianas e vestidões.

Posso alugar a cabeça e as mãos, mas meus pés e meu corpo permanecendo em férias, tenho garantida esperança e a felicidade sorridentes por mais tempo, até a próxima brisa beira-mar.